Olho o mundo com olhos de pássaros
não há ninhos em suas casas nem janelas em suas dores.
Choro a intuição das portas e o sangue dos jardins.
Sinto que os prenúncios das calçadas
desconhecem caminhos e conduzem
ao sepulcro asfáltico das ruas.
Olho o mundo e me surpreendo
com a sensatez dos becos que, exauridos de fim,
incendeiam silêncios e ardem cânticos felizes.
Beijo flores e transcrevo seus desejos
com palavras de vento e pó.
Na garganta, repousa o pólen da consciência.
Canto o mundo com olhos de semente,
alço raízes e vôo num céu que não é meu.
Denise Reis
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