quarta-feira, 9 de junho de 2010


As Palavras não Ditas


As palavras não ditas
dormem nas ruas
aquecendo calçados,
entupindo bueiros,
povoando praças,
amarrotando jardins...
Seus exageros vocálicos
suplicam pontuação
na esperança de encontrarem limites...

A transparência de seus olhos vítreos
pedem gestos bondosos
que mudem seus tristes destinos;
quem sabe levando-as para casa e
acomodando-as na penumbra das gavetas
junto a antigos retratos,
para um dia soletrá-las; ou
usando-as como substrato de dores,
de rumores, de gritos,
da solidão que lateja
nas paginas brancas da vida...

Quem sabe pendurando-as na porta
para anunciarem a chegada do vento,
ou queimá-las na lareira
para aquecer os sonhos maculados pelo tempo.
O melhor seria inseri-las em poemas
pare que sintam a vertigem da métrica
a alegria e o perfume sonoro das rimas
que escorrem dos versos
quando encontram...os teus olhos...

Denise Reis

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