
As Palavras não Ditas
As palavras não ditas
dormem nas ruas
aquecendo calçados,
entupindo bueiros,
povoando praças,
amarrotando jardins...
Seus exageros vocálicos
suplicam pontuação
na esperança de encontrarem limites...
A transparência de seus olhos vítreos
pedem gestos bondosos
que mudem seus tristes destinos;
quem sabe levando-as para casa e
acomodando-as na penumbra das gavetas
junto a antigos retratos,
para um dia soletrá-las; ou
usando-as como substrato de dores,
de rumores, de gritos,
da solidão que lateja
nas paginas brancas da vida...
Quem sabe pendurando-as na porta
para anunciarem a chegada do vento,
ou queimá-las na lareira
para aquecer os sonhos maculados pelo tempo.
O melhor seria inseri-las em poemas
pare que sintam a vertigem da métrica
a alegria e o perfume sonoro das rimas
que escorrem dos versos
quando encontram...os teus olhos...
Denise Reis
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